O pior negócio de Henry Ford II ou a recusa em comprar a Volkswagen



Henry Ford foi um homem visionário, um dos pioneiros da produção automóvel em série com linhas de montagem divididas por tarefas para acelerar o tempo de produção. O Ford T foi um dos primeiros veículos mundiais de produção em série a grande escala. Henry Ford dava aos clientes apenas a opção de escolha da cor, desde que fosse preta, claro.

Mas o sucessor de Henry Ford teve uma decisão que mais tarde veio-se a revelar errada - a recusa em comprar a Volkswagen. Após a 2ª Guerra Mundial, chegou a ser equacionada a hipótese de Henry Ford II adquirir a marca alemã. Nessa altura a Alemanha estava fustigada depois da guerra e a reerguer-se. As dívidas do país eram enormes e um plano especial de perdão da dívida ajudou a economia a endireitar-se.

A Volkswagen começou na cabeça de Hitler que, ainda durante o apogeu do nazismo, queria um carro para o povo.

Decidiu contratar Ferdinand Porsche, um habilidoso engenheiro de origem austríaca para coordenar o projecto.

O esboço do carro e o caderno de encargos foram traçados por Hitler. O primeiro modelo a sair da linha de montagem foi o Type 1.

Mas o nome do veículo ficou "Beetle" devido à forma semelhante com uma barata.

Terá Henry Ford II subestimado a Volkswagen?

Com o fim da guerra a Volkswagen, bem como outras marcas alemãs, passaram por uma fase económica mais complicada. E uma das hipóteses para o relançamento financeiro poderia ser a aquisição da marca de forma quase gratuita(!). Em 1947 Henry Ford II equacionou a compra da Volkswagen, mas conselheiros próximos transmitiram-lhe a ideia de que a marca não tinha perspectivas de futuro. A famosa frase que lhe transmitiu Ernest Breech terá mesmo sido esta: "Mr. Ford, I don't think what we are being offered here is worth a damn."

O futuro veio provar que esta decisão foi uma das piores da história de negócios. Nessa altura a fábrica estava sob a alçada dos ingleses, os credores da Alemanha do pós-guerra. Ford II chegou a visitar as instalações da Volkswagen e a linha de montagem do Beetle. Testou o carro mas achou que não tinha potencial comercial. Ford II achou que o Beetle tinha fraca performance e era pouco atractivo. Pensou que o que ali se produzia não levaria a marca a lado nenhum. Considerou mesmo o design antiquado, feio e o motor barulhento. Estimou que o veículo seria popular em apenas dois ou três anos. E com isso achou que não valeria a pena investir dinheiro em Wolfsburgo. O facto de o Beetle estar associado ao seu mentor - Hitler - também pesou no subconsciente.



Depois de gorado o negócio de compra da Volkswagen por parte de Ford, os ingleses deixaram os alemães prosseguir o seu percurso com relativa autonomia. E o resto que se sabe é história. Os alemães permaneceram fiéis ao Beetle e o modelo teve um enorme sucesso no mercado automóvel. O pequeno Beetle de motor traseiro, desenvolvido por Porsche, revelou-se um carro sensível, fiável, barato de manter, acessível, económico e essencialmente indestrutível.

O Beetle ajudou a Volkswagen a fazer uma fortuna e a recuperar a independência financeira. Permaneceu ininterruptamente em linha de montagem de 1938 até 2003 e, em 24 anos, conseguiu destronar o ... Ford Model T. Ironia do destino. O que teria sido a história se Ford tivesse aceite a aquisição? Não se sabe. Provavelmente a produção do Beetle teria sido abandonada passando a figurar num museu como o carro de Hitler.

Mas basta ver que hoje a Volkswagen transformou-se num grupo gigante com participação no capital por parte do governo alemão. Detém marcas como a Skoda, Audi, Porsche, Lamborghini, Bugati, Bentley entre outras. Tudo graças ao pequeno Beetle, que Ford achou um monte de "lixo". O que é um facto é que actualmente o grupo Volkswagen pretende destronar a Toyota como número um em número de vendas mundiais. A Ford, por sua vez, já não é a grande marca que foi.

1 comentário:

gti

grande história! uma lição para a vida.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
>> LISBOA     PORTO     FARO